Vez por outra aparece por aí algum personagem fazendo sucesso na mídia, falando de milagres e profecias que se realizaram sem que haja a devida comprovação. Apresentam cartas e escritos supostamente com data anterior aos fatos preditos. Não se sabe de nenhum que jornais e televisões tenham noticiado antecipadamente.

Atualmente, tem aparecido bastante um professor mineiro de nome Juscelino Nóbrega da Luz, que a cada catástrofe anuncia que já tinha previsto e que enviou carta para essa ou aquela autoridade em data pregressa relatando sua premonição. Até ingressou na justiça, reclamando o prêmio prometido pelo governo dos EUA a quem revelasse o esconderijo de Saddam Hussein. Diz também ter enviado diversas cartas anunciando a derrubada das torres gêmeas de Nova York. Inclusive FHC teria sido alertado. Mas até o momento não se tem notícia que alguém tenha reconhecido o recebimento de tais alertas.

Conta Carlos Paiva, colunista do Jornal de Uberaba (MG), que teria desmascarado Juscelino quando declarou ter previsto o dia e a hora da morte do médium Chico Xavier. O resultado foi a retirada daquele fato da sua lista de previsões.

Sabemos que eventos precognitivos são reais e naturais. São fatos cujos mecanismos ainda desconhecemos porque tempo e espaço no mundo em que vivemos estão fortemente arraigados às convenções estabelecidas para mensurar comparativamente sucessões de eventos e sempre obedecendo às necessidades inerentes aos condicionamentos impostos pela realidade contextual, uma vez que estamos temporariamente limitados pelos 5 sentidos físicos.

Com os avanços do conhecimento humano a Ciência vem se aproximando cada vez mais da Filosofia, levando em conta seus questionamentos para formular novas teorias. Muito se fala em universos paralelos, cujos “atalhos” podem ser admitidos, mas não identificados, como também os próprios universos, enquanto estivermos limitados à visão tridimensional. Supostamente algumas pessoas possuem características específicas que lhes possibilitam, sem que saibam como, visitar instantaneamente outros “universos”.

Pode ser que isso aconteça com Juscelino como acontece com muitas outras pessoas. Mas ninguém ainda pode dominar tais percepções e interpretá-las com precisão. Caímos, portanto, numa profunda questão ética em que precisamos discernir sobre o direito de divulgar tudo o que se percebe.

Vejamos, por exemplo, o caso das eleições presidenciais. Segundo Juscelino o Presidente Lula perderia para seu adversário, que teria 67% dos votos. Errou feio! E errou exatamente numa previsão que a mídia tomou conhecimento antecipadamente, pois houve ampla divulgação dias antes do segundo turno. Neste caso, começa a pairar sobre a cabeça do “profeta” mais a suspeita de mancomunação com forças políticas do país.

Alguns tipos de previsão qualquer pessoa pode fazer. Pode-se tranqüilamente alertar o Papa que sofrerá um atentado durante viagem a um país muçulmano. Apesar do nosso respeito aos verdadeiros muçulmanos, todos sabemos que existem muitos grupos extremistas que adorariam matar o Papa. Portanto existe grande probabilidade de tramarem algum tipo de ação nesse sentido. O fato se concretizando, o “profeta” diria: “― Eu avisei!”. Não se concretizando, diria, da mesma forma: “― Eu avisei, por isso foi evitado”.

Existem muitos falsos profetas e isto não significa que não existam os verdadeiros. A diferença é que os primeiros alardeiam suas proezas e os segundos são discretos, humildes e visam, sobretudo, o bem alheio. As catástrofes individuais e coletivas sempre aconteceram e não deixarão de acontecer. Cabe a nós, personagens de cada um dos eventos, estudar, analisar e se instruir, ampliando nossa visão de vida e universo para melhor compreender as causas e conseqüências das perturbações da ordem universal.

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