Há episódios do nosso cotidiano que nos marcam pelo inusitado, senão pela hilaridade, mas que nos conduzem à reflexão a respeito das relações humanas e da postura do ser humano diante das adversidades ou daquilo que imagina ser sério obstáculo. Vejamos o seguinte fato:
Dois casais insatisfeitos com o clima da região onde moravam, mudam para outro ponto do país, onde a temperatura e o sol são praticamente constantes.
O primeiro casal, já melhor ambientado com os costumes e a cultura do lugar, não tem muito a reclamar, a não ser a falta do seu povo, o que é plenamente natural.
O segundo casal, chegado há pouco tempo e ainda sentindo muito a falta da cultura e dos costumes da sua região de origem, não se sentem bem, apesar de ali estarem por livre vontade.
Um belo dia, encontram-se os quatro amigos, fazendo um balanço dos contras e prós das mudanças de vida. O segundo casal, ainda não adaptado aos novos costumes, reclama muito da maneira de ser dos habitantes da região, se mostrando bastante contrariados com a situação. O outro casal, tentando lhes levantar os ânimos, falam das coisas boas que existem e que afinal das contas estamos ali porque assim o escolhemos e nada nem ninguém nos prende. Se ali nos encontramos, então precisamos relaxar e procurar melhor assimilar a cultura local. O outro, ainda meio contrariado, responde de pronto:
— Já que estamos no inferno, vamos abraçar o diabo!
Essa história comum e banal no primeiro momento não nos traz nada de novo, pois o que mais encontramos na jornada da vida são pessoas inconformadas e, por incrível que pareça, aquelas mais abastadas são as que mais reclamam, não param para refletir e não valorizam o que a vida tem lhes proporcionado.
Assim somos nós, eternos insatisfeitos, reclamamos de tudo. Se chover é porque alagam as ruas; se não chove o sol fica muito quente; no trabalho somos incompreendidos pelos chefes e colegas e em casa, pelos familiares; no trânsito queremos passar por cima de todos... E por aí vai...
Já está na hora de olharmos para dentro de nós mesmos, analisarmos o que temos de bom e agradecermos a Deus porque a vida tem sido generosa conosco, diante de tanta miséria que vemos pelo mundo afora. Na vida tudo tem seu preço: momentos de paz e alegria, de dor e sofrimento, uns compensam os outros e no final o saldo sempre será positivo. É preciso olhar todos os momentos com muito otimismo, com muito carinho e, por mais difíceis que pareçam, vão passar e quando menos esperarmos a vida vai sorrir para nós assim como o sol ressurge a cada amanhecer.