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Acredito firmemente que o planejamento em tudo o que fazemos é um precioso instrumento para que as ações sejam mais eficazes e possamos colher os resultados com satisfação redobrada, em face à constatação de que nosso trabalho foi coroado de êxito conforme estava previsto. Entretanto, nem sempre o cuidadoso detalhamento prévio garante a materialização do que estava planejado.

Eu estava em frente ao computador, preocupado em colocar em ordem a correspondência, pensando no tema do texto que deveria preparar (inicialmente tinha pensado em escrever sobre “dogma”), enquanto trocava idéias no Messenger com um amigo sobre nossas atividades futuras, amanhã, semana que vem, próximo ano,... Toca o telefone, eu atendo, converso alguns instantes com uma pessoa e logo tudo mudou com as informações recebidas. Desculpei-me e me despedi do amigo do Messenger. Meu foco já era outro, não fazia mais sentido me preocupar com os acontecimentos futuros e eu então, após uns momentos de reflexão, como num flash, encontrei um tema novo para escrever: preparação para a morte. Isso mesmo: preparação para a morte! Qual o problema? Nós todos estamos preparados? Qual a conexão com o que foi relatado? — A morte como outro episódio qualquer da nossa vida pode alterar completamente nossa linha de ação.

Eu sei que muitos não gostam de falar sobre o assunto e, se for espírita então, logo tem a resposta: “— A morte não existe!”. Esta é uma questão que dificilmente decidimos encarar, sem meias palavras, sem subterfúgios e sem bater na madeira, num gesto tradicional e supersticioso de quem quer afastar de si ou dos entes amados algo que é inexorável.

Tentemos imaginar que temos todo um plano de vida, traçado a longo prazo, e de repente nos vemos surpreendidos por um episódio que nos obriga a mudar totalmente nossas diretrizes, pois tudo o que estava antes previsto passou a ser irrelevante diante da nova situação. Apesar de um evento certo, não foi considerado porque o instante não estava determinado. Precisamos reavaliar a nova realidade e redirecionar nossas ações e objetivos.

Assim é a morte. Semelhante a um fato previsível cujo momento do seu acontecimento não pode ser determinado, ela pode aparecer de repente, nos tirando do tempo e espaço em que habitávamos até então, obrigando-nos a alterar totalmente nossas concepções em relação ao ambiente circundante e às personalidades que nos rodeiam.

Certo. O planejamento não garante o resultado! Mas ele dá o conhecimento de causa que habilita ao redirecionamento conforme as circunstâncias. Sem ele, faltará a segurança, a presença de espírito, o bom senso, o desprendimento e a autoridade para tomar decisões rápidas e conscientes, traçando novas diretrizes. Nunca seremos pegos de surpresa e sempre teremos uma alternativa viável que, embora não tenha sido pensada, estava armazenada no subconsciente, resultado do labor sério e responsável.

Por tal princípio, quando a morte chegar estaremos preparados para ver a nossa vida por outro ângulo, dialogando com nossos pares, familiarizando-se com o novo ambiente, refazendo projetos conforme com a realidade que se apresenta.

Entretanto, precisamos ter em mente que sem podermos determinar o momento fatídico devemos também estar preparados para ainda permanecermos muito tempo encarnados, com todas as injunções inerentes ao fardo que carregamos e o seu desgaste natural pelo envelhecimento. Isto significa dizer que devemos nos preparar para a VIDA.

Ora, se eu planejar minha vida e souber que ela continua mesmo após o perecimento do corpo, não há com o que me preocupar. Estarei onde eu quis estar, junto de quem eu queria, fazendo aquilo que eu planejei, dando seqüência aos meus esforços terrenos e, talvez, em condições bem melhores. Tudo resultado de planejamentos e ações anteriores.

Então pergunto:
— Devemos nos preparar para a morte?

— Não. A morte não existe!

O homem moderno se orgulha por tantas novidades, por viver no século XXI, pela contemporaneidade do pensamento científico e da revolução digital. Entretanto, ainda está preso a paradigmas arcaicos, dogmáticos e muitas vezes medíocres.

Quanta resistência ainda tem esse homem tão moderno em aceitar o novo, o diferente! Em aceitar e adaptar-se a novas realidades, novas possibilidades de encarar o mundo, de novos conhecimentos e, mais ainda, de aceitar o que não lhe é do dia-a-dia, como a pesquisa científica.

Um bom exemplo disto é a recente polêmica gerada em torno da pesquisa com células-tronco embrionárias. Mas o problema não está na polêmica, que muitas vezes tem papel crucial em fomentar as mudanças de paradigma da sociedade. O problema está nos homens que, muitas vezes, utilizam-se das polêmicas para incitar discussões dogmáticas infrutíferas e impor uma “ordem superior” ou “divina” que todos devem seguir sem questionamentos.

É preciso valorizar o progresso! Sem perder a ética, claro, mas sabendo que esta ética é algo muito maior que qualquer moralismo religioso.

É preciso acompanhar o progresso científico, filosófico e social sem dogmatismos, para não vivermos em uma pseudo-modernidade, adornada de alta tecnologia, porém incutida de valores hierárquico-moralistas engessados.

Também foi um absurdo pesquisar sobre o movimento dos astros e da Terra ao redor do sol, quando já era uma certeza dogmática que a Terra era o centro do universo… Também foi um absurdo herege pensar na evolução das espécies quando se tinha a impositiva certeza de que todas as espécies foram criadas tal qual existem na atualidade… Assim como está sendo considerada um absurdo a pesquisa com as células-tronco embrionárias, tantos outros eventos e descobertas científicas também foram, porém atualmente são imprescindíveis no mundo contemporâneo.

Prefiro ser favorável à vida, e a toda possibilidade de melhorá-la! Prefiro ser favorável ao progresso!
E você? “É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”?

Revisando alguns estudos sobre ética e moral, senti-me estimulado a fazer uma análise paralela com a Doutrina Espírita, no sentido de refletir sobre a existência ética do Espiritismo. Sua identificação como uma Doutrina, já nos possibilita uma reflexão sobre o conceito estabelecido no Dicionário Aurélio, segundo o qual, doutrina diz respeito a um “conjunto de princípios que serve de base a um sistema religioso, filosófico, cientifico, etc.”.

Tomando como destaque a parte moral da Doutrina Espírita, poderíamos, desde já, dizer que há no Espiritismo uma ética estabelecida. Que ética é esta? Quais suas implicações sociais e pessoais?

Analisando o Evangelho Segundo o Espiritismo, por exemplo, podemos perceber logo na introdução que Allan Kardec coloca os conteúdos ali existentes, mais especificamente os ensinos morais de Jesus, como sendo um código de moral universal, sem distinção de culto, ou seja, um conjunto de princípios universais que rege as ações e relações humanas.

A ética ou filosofia moral, como falam alguns estudiosos, nasce quando se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral, que dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidas ao bem e ao mal; ao desejo de felicidade e ao exercício da liberdade. Portanto, são parte essencial da nossa intersubjetividade, ou seja, das nossas relações com os outros.

Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como uma cultura e uma sociedade definem para si mesmas o que julgam ser o mal e o vício, a violência e o crime, o bem e a virtude, a brandura, o respeito, a alteridade e o mérito. A ética pode ser considerada universal, mas é importante dizer também que devido a nossa constituição sócio-histórica, fomos construindo e reconstruindo os valores do nosso código de ética universal através dos tempos.

Ética ou filosofia moral espírita deve ser entendida como uma reflexão que discute, problematiza e interpreta o significado dos valores morais espíritas e espirituais de uma maneira geral. A ética que conduz às ações e relações espíritas sofrem a influência (e não poderia ser diferente) dos valores, sentimentos, intenções, decisões e ações estabelecidas no âmbito das práticas do espiritismo.

É importante estarmos atentos ao tipo de relacionamento estabelecido desde os primórdios do espiritismo iniciado na França até os dias atuais, quer seja na prática diária dos centros e instituições, quer seja nas organizações representativas do movimento espírita. Será sempre necessário avaliarmos as nossas ações para uma construção harmônica e feliz das relações interpessoais no âmbito do espiritismo com a sociedade de um modo geral.

A ética traduz uma questão de consciência, na qual somos chamados a clarificar o que está obscuro ou apreender o sentido e o significado daquilo que não está claro, de maneira tal, que as minhas práticas relacionais sejam ações conscientes, livres e responsáveis.

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