Nós que já passamos do meio século de vida passamos por um período da história em que se olhava atravessado para quem se dissesse “progressista”. Era logo tachado de “subversivo”, o que, de certa forma, não deixava de ser verdade, pois o país, apesar de passar por um período de estabilidade da economia e das instituições nacionais, apoiava-se em estruturas antigas que privilegiavam as oligarquias em detrimento da maioria esmagadora da população. Era a força do capital sufocando o trabalho, impondo-lhe a subserviência. Mas o tiro saiu pela culatra, pois com a explosão demográfica a situação ficou insustentável e o progressismo ganhou corpo.

Hoje, aquele subversivo que era visto com desconfiança, era perseguido, preso e até torturado por agentes do poder constituído, é mais respeitado diante das mudanças no cume da pirâmide social que possibilitaram a alternância de poder. Mas foram alterações permitidas pelo conservadorismo para que pudesse manter o status quo.

O conservadorismo, em oposição ao progressismo, está mais vivo do que nunca. Está nas mais diversas instituições, em todos os setores da sociedade.

Na verdade, conservadorismo e progressismo podem ser considerados indissociáveis, pois são qualidades complementares. Todos somos conservadores ou progressistas circunstancialmente, se salientando um ou outro conforme o ângulo de análise. Existem os que são pouco conservadores e muito progressistas, e vice-versa. Há os que são progressistas para algumas coisas e conservadores para outras.

Progressismo não pressupõe desprezo ao que está constituído. Ao contrário, para fazer jus às transformações, será sempre necessário partir da análise de uma realidade palpável, que, por melhor que seja, deverá passar por constantes reavaliações, apoiando-se no princípio de que nunca se atinge a perfeição e a renovação e o melhoramento são infinitos.

O temor das mudanças é oriundo do instinto de conservação; é o desmesuramento do egoísmo natural em quem não é o agente ou o idealizador das transformações, tentando proteger-se de um possível alijamento do processo e, em conseqüência, do grupo ou da organização. Por isso, para preservar a integridade, é desejável que as avaliações e os projetos a serem implementados não sejam excludentes. Como o progresso nunca é absoluto e as mudanças são gradativas, o conservador sempre poderá participar do processo evolutivo, sendo, inclusive, importante como referência na contraposição, desde que não pratique a auto-exclusão.

No Movimento Espírita o zelo e a austeridade, qualidades respeitáveis em muitas circunstâncias, têm criado obstáculos ao progresso do Espiritismo. Institucionalmente têm acontecido avanços consideráveis, mas científica e filosoficamente não acompanha a evolução. O sentido de progresso volta-se para o espiritual, desprezando o material, como se este não fosse instrumento indispensável para a evolução do espírito.

A Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa (ASSEPE) é uma instituição humilde, sem a pretensão da verdade, mas disposta a persegui-la constantemente. Nasceu sob a bandeira do progressismo que está presente em todas as suas ações porque questiona e avança com a responsabilidade de quem quer um Espiritismo que liberte das idiossincrasias, dos sincretismos, das latrias, dos formulismos. Os alicerces estão lançados e serão sedimentados com o tempo e a vontade de seus integrantes em se preparar continuamente para a execução de seus projetos.

Optamos pelo viés do progresso, que não é desvio de caminho, mas atalho para alcançar o futuro.

Nosso lema é: conviver e progredir.

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