Era uma vez um povo que vivia oprimido, era escravo de uma nação, não podia realizar muito de suas tradições, pois estava escravizado e devia fazer somente as tarefas de seus senhores e donos. Eram como mercadorias, foram tirados de sua terra, de seu solo sagrado. Segundo a história oficial, uma única pessoa acabou com a escravidão, o que duvido muito; o povo pôde então se reunir em paz e se espalhar pelo mundo como se o mundo os recebesse de braços abertos para sua cultura.

Tempos depois, parte de seu povo habitava a Europa, a qual se intitulava civilizada, e milhões foram dizimados devido à intolerância, ao egoísmo e a sede de poder. Afinal de contas, quem sofreu tanto? Que povo é esse que teve tanta gente morta, massacrada, dilacerada e foi tão incompreendido? Foi criada então uma redoma de proteção permanente para esse povo. Mas essa não é uma redoma de vidro qualquer para proteger plantas; é uma redoma que protege todo um povo, uma cultura, a custa de guerras, discórdia, dogmas e bilhões de dólares.

Se não ficarmos atentos ao exposto acima, pode ser que estejamos falando dos negros, dos índios, dos árabes, mas estamos falando dos judeus. Aliás, podemos falar e expressar sobre quase tudo no mundo sem problemas, mas expressar opiniões sobre o holocausto é praticamente proibido se não for outro judeu a expressar-se.

Uma evidência disso ficou expressa nesse carnaval de 2008. A escola de Samba Viradouro, a partir de seu carnavalesco Paulo Barros, ficou com a incumbência de expressar artisticamente sobre o arrepio. Dentre tantas coisas que foram colocadas na avenida, uma seria falar sobre o arrepio que o terror causa e que não deve mais acontecer (o terror). Para expressar isso, foi então montado um carro alegórico com judeus mortos espalhados e Hitler acima deles. Uma verdadeira expressão de terror. A Federação Israelita do Rio de Janeiro entrou com uma ação na justiça para impedir que tal carro alegórico fosse à avenida, com a alegação de que o carnaval banalizaria o holocausto. Claro que a justiça deu ganho de causa aos judeus. Todos acharam o assunto polêmico e não queriam se expressar de forma mais contundente. Ninguém achou polêmico nem banal em tantos carnavais, a expressão em carros alegóricos de índios mortos por europeus e jesuítas. Mas claro, eram índios e não judeus. Dizimar índios tanto faz, mas judeus não.

Então, a partir de agora fica proibido qualquer judeu com aquela túnica preta característica, com aquele chapéu e aquelas tranças, dançar samba. Porque uma figura dessas sambando é banalizar o samba, é baixar o nível de nosso samba. Vamos todos entrar na justiça contra gringos sambando, pois banalizam e baixam o nível do samba com sua cintura dura e sem gingado. Vamos? Ou como diz a música de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida:


“Vamos acabar com samba
Madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que samba é vexame
Pra que discutir com madame”

Será que uma cultura não pode expressar outra a partir de sua maneira de ver o mundo? Alguém estava defendendo Hitler e sua tirania? Pelo contrário, estava expressando e fazendo refletir algo que não deve ser repetido. Mas ainda assim se repete com os próprios judeus contra os palestinos; pelos chineses contra o Tibete; pelos cristãos contra árabes; pelos próprios cristãos contra cristãos...

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