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Desde que se tem notícia do homem em sua complexidade social, ou seja, desde que criou as suas várias formas sociais, tais como, o trabalho, a escola, a família, a hierarquia política, a religião, etc, o homem tem ido a busca de respostas sobre sua vida. Alguns, biologicamente falando, dizem que o homem é o único animal que pensa e reflete sobre sua existência, sobre seus atos e, mais diferente ainda dos outros animais, critica duramente a sua forma de viver e ser.

Na sua vida cotidiana a busca pela salvação está presente, às vezes, na frenética busca pela aposentadoria, nos jogos da loteria e nas férias. A salvação, para muitos homens, é ter sossego, tranqüilidade, não fazer nada, ficar o dia todo ocioso. Isso é bem demonstrado pela imagem que as pessoas fazem do céu esperado: ficar o tempo todo ao lado de anjos, contemplando Deus, sendo contemplado pelos humanos e sem fazer nada, com a tranqüilidade e a paz nunca abaladas. Para muitos, salvação é sinônimo de ócio. Mas para outros tantos a salvação é se livrar do vizinho, do marido ou esposa, daquela sogra chata que fica no seu pé, do chefe que reclama do relatório que ainda não foi enviado, da falta de dinheiro que não dá para comprar o carro que meu vizinho tem, enfim, é mudar de vida.

Uma outra salvação, talvez a mais almejada por todos, é a salvação após a morte. O medo do desconhecido, do porvir. Essa salvação é a que mais recebe influência, principalmente das religiões e da filosofia. Muitos passam a vida toda sem pensar na morte e no porvir dela. O tempo passa e, para os que chegam à velhice, quando chegam, é a hora de pensar na morte. Mas não no fenômeno só em si, mas nas conseqüências da morte. O que acontecerá comigo? Que será de mim e de meu ser, minha consciência? É nesse momento que muitos materialistas passam a pensar metafisicamente e em algo além do corpo físico, que o avarento vira generoso...

Mas nesse momento que antecede a morte, é quando, principalmente os espiritualistas, seja de que bandeira for, passam a pensar bastante no porvir da morte. Passa-se um filme na memória de cada um sobre suas ações, sobre o que fez ou que deixou de fazer. Muitas vezes o arrependimento vem por não ter “feito o que queria fazer na vida”; alegria de alguns, angústia de outros por não se acharem no direito de ter a almejada salvação.

Esse temor da morte e do além morte faz com que a salvação seja uma das moedas mais rentáveis de que se tem notícia hoje em dia. Se fosse colocada na Bolsa de Valores, com certeza, seriam as ações mais valorizadas do mercado.


A salvação é a conseqüência do temor da morte, de incertezas sobre o futuro, sobre o que será de mim? Essa busca pela salvação faz com que muitos aproveitadores saiam lucrando, não só financeiramente, mas com prestígios de mestre, de pensador, de guru; se tornam pessoas poderosas, influenciando a vida de muitos.


Mas isso se dá porque a busca pela salvação sempre foi através dos grandes homens, dos avatares, dos budas, dos cristos, dos mahatmas, dos filósofos... Através deles outros querem se sustentar, querem ser apoiados nesses ombros gigantes, apoiar outras pessoas e deles nunca mais sair. Na mesma proporção de liberdade que tenho de meus atos, tenho a responsabilidade andando juntinha, colada. As mensagens, teorias e crenças trazidas pelas maiores expressões de sabedoria da Terra servem de norte para nós, não de motivo para nos sustentarmos em seus ombros, esperando que um ou outro desça e venha para minha salvação.


Meus atos, meus pensamentos, minha liberdade, enfim, o que eu sou e faço, expressam o caminho que construo para minha vida.


E a salvação? Será que temos salvação? Existe salvação? Uma resposta que penso ser mais adequada para essas perguntas não é a afirmativa ou a negativa, mas outra pergunta: Só faço o que eu entendo por ser o bem em virtude de uma salvação futura? A partir de uma reflexão a essa pergunta poderemos ver se as nossas atitudes expressam a real intenção ou disfarça como uma máscara, que aos outros pode ocultar a verdade, mas não à consciência!Kardec falou muito bem quando legou: “Fora da caridade não há salvação”. É uma frase construtivista-interacionista, no sentido que a felicidade futura não depende dos budas, cristos, mahatmas, avatares, filósofos, cientistas. Não! É uma construção social-íntima. Depende de cada um. Não é um salve-se quem puder, mas uma vivência sua com o mundo, construindo essa almejada felicidade futura.

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