Num determinado show de rock, o grupo começou a entoar: Viva! Viva! Viva a sociedade alternativa. Viva! Com eles, as milhares de pessoas que estavam assistindo ao show entoaram juntos e fizeram um coro à sociedade alternativa. Mas todos querem uma sociedade alternativa? A sociedade que estamos não está suprindo as necessidades de todos?
Em outro momento do show foi cantada a clássica do rock nacional, Que País é Esse? da Legião Urbana. No refrão, quando a música repete o título, a maioria do público grita “...é a porra do Brasil”. Estamos diante de jovens que não estão satisfeitos com a sociedade brasileira e querem mudanças já? Será?
A sociedade alternativa que quero não é machista, nem agride uma mulher a cada sete segundos. Os negros têm as mesmas oportunidades que os brancos. Não tem proselitismo entre as religiões. A educação realmente é prioridade para todos. Eu disse educação, não somente instrução. Os direitos humanos estão acima de qualquer subjugação. Os portadores do vírus da AIDS convivem harmoniosamente com todos, sem receios. Ficamos indignados com a injustiça, em vez de fazer picuinhas sobre o modo de ser do outro. Nas próximas eleições votarei no melhor projeto para cidade, em vez de votar no emprego prometido. Aliás, nessa sociedade eu sei o que o meu voto fez por ela, que política pública quer promover, que ações e leis regem as ações públicas. E que essas ações são coletivas, para todos, não para um ou outro, ou somente a categoria profissional a qual faço parte. O respeito ao pensar diferente é imperativo, mínimo e corriqueiro nessa sociedade. Ninguém nasce numa religião, mas as escolhas serão construídas ao longo da vida de cada um. Ter ou não ter religião ou qualquer outra coisa é irrelevante, bem como crer em Deus ou numa força superior, da forma que for também é irrelevante. O importante é ser honesto, respeitoso, ético.
A separação entre cada frase acima é apenas um ponto, uma exclamação ou uma interrogação? Infelizmente, é uma imensa interrogação que perdura em nossos jovens, em nossa família, enfim, em nossa sociedade. A sociedade alternativa é ativa. Onde cada um sabe que a responsabilidade da resposta ao refrão da música é: “o país que ajudei a construir” Se está como está, cheia de interrogação, a responsabilidade para virar uma exclamação também é minha.