"A dificuldade, ainda grande, de reunir crescido número de elementos homogêneos deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações”. (Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, item 334)
A frase acima é uma das mais lúcidas expressões de Kardec ao se preocupar com os rumos do Espiritismo, indicando que o mais seguro e produtivo para a sólida divulgação seria a formação do que hoje chamaríamos multiplicadores.
Acreditamos firmemente nesta proposição, em que individualidades oriundas de diferentes setores, reunindo-se, por afinidade de idéias, em pequenos grupos, pesquisam, estudam, experimentam, perseguindo a preparação ideal para agir e interagir com parcelas da sociedade que reivindicam aprofundamento no conhecimento espírita.
Assim nasceu a ASSEPE.
Pessoas que se reuniam desde 2001 com o objetivo comum de estudar mais detalhadamente as obras de Allan Kardec, questionando cada detalhe, ampliando entendimentos e, principalmente, transpondo para o nosso tempo as idéias divulgadas no século XIX, a partir de 18 de abril de 1857, entenderam que a síntese conquistada precisa novamente ser transformada em tese, encontrar a antítese, buscar nova síntese e assim consecutivamente, num processo dialético contínuo e progressivo, por tempo indeterminado. Para tanto se tornou imprescindível ampliar horizontes de atuação não só no Movimento Espírita, mas também fora dele. Assim sendo, a personalização do grupo se apresentou como conseqüência natural, definindo sua organização, princípios e fins.
Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa – ASSEPE: parece maior do que realmente é, mas o nome a define com exatidão. A data de fundação — 03 de outubro de 2004 — é uma justa homenagem àquele que é o pilar mestre da Doutrina Espírita, no qual nos espelhamos e que naquela data completou o bicentenário de seu nascimento: Allan Kardec. Estudo e pesquisa são seus objetivos primordiais, tendo a divulgação como uma conseqüência natural para quem não pretende guardar para si os conhecimentos adquiridos.
Para a consecução dos nossos objetivos entendemos que precisamos nos manter fiéis à identidade assumida até mesmo estatutariamente: “a fundamentação de sua linha de trabalho na visão humanista, livre-pensadora, progressista e pluralista do Espiritismo, a partir do pensamento de Allan Kardec”. Tal postura vem ao encontro dos interesses de muitos espíritas e simpatizantes que preferem desvincular suas atividades de quaisquer organizações centralizadoras e diretivas do Movimento Espírita uma vez que se mostrem refratárias à livre determinação e autonomia dos grupos a elas ligados.
Cabe ressaltar que mantemos a coerência aos nossos princípios no que se refere ao relacionamento com as mais diversas instituições. Não há qualquer restrição para aderirmos ao sistema federativo, bem como a outras instituições, organizações ou movimentos, desde que aceitos sem a descaracterização da identidade original.
Nossa ligação intestina com a CEPA (Confederação Espírita Pan-Americana), com a qual colaboramos, identifica nossas origens e nossa Filosofia ao mesmo tempo que ratifica os princípios comuns que foram acima exarados. Tal ligação indica perspectivas de desmistificação a respeito da CEPA, que tem sido mal compreendida em virtude de afirmações repetidas e divulgadas de forma equivocada, que, tendenciosamente, distorcem a verdade.
Ninguém possui o monopólio da verdade e todos procuramos nos aproximar dela. Por isso, buscamos o diálogo.
A ASSEPE veio para somar e multiplicar e, no nosso entendimento, preencher uma lacuna inexplorada na área da divulgação, tendo como público alvo quem não procura a casa espírita nem conhece o Espiritismo, mas se interessa em adquirir maiores esclarecimentos da sua Ciência e Filosofia. Além disso, nos propomos receber colaboradores afinados com nossos princípios, assim como estender às diversas instituições e grupos, organizados ou não, os trabalhos que produzimos e desenvolvemos.
Abrem-se, portanto, a partir de agora, canais de diálogo alteritário, com tácita aceitação dos princípios espíritas como referência mínima, visando acima de tudo a causa espírita e o propósito maior de troca de experiências e estudo de parcerias.